I'm wide awake, it's morning

Acabei de voltar dos exames pra conseguir habilitação. Apta ao físico e mental (este porém cheio de observações because my mind is fucked up). Odiei aqueles trabalhinhos pra ver se você é bom da cabeça e não come sorvete com a testa. Eu tava visivelmente irritada e contrariada em fazer aquilo, riscar plaquinhas, traçar pauzinhos no papel. A avaliadora era uma vaca disfarçada de boazinha. “quiridinha, mais rápido”, “meu tesouro, eu não quero o número um, quero um traço”. Uma mulher de uns 50 anos, que também fazia o teste, não sabia nem dizer em que série parou de estudar, achei que ela fosse apanhar por isso. No final de tudo, a psicóloga me chamou na salinha e fez um trilhão de perguntas. Começou dizendo que fui lenta nos exames de atenção e sentiu em mim uma inquietação e irritação que no trânsito podem ser cruciais (nessa hora eu tinha certeza de que tinha sido reprovada), “tem certeza que você quer mesmo tirar carteira de habilitação?” e seguiu dizendo que percebeu em mim uma vasta inteligência e conhecimento (uau), mas que parecia que eu não sabia onde estava.

“Quantos amigos você tem?”

“sei lá, uns cinco.”

“é pouco”

“ok.”

Perguntou se eu bebia (e o quê), se usava drogas, se fazia regime pra emagrecer, sobre a insônia que mencionei no questionário etc etc. Fiquei pensando se ela me meteu medo ou se eu que a tinha assustado. Peguei meu papelzinho carimbado e saí muda da salinha, me sentindo a criatura mais anormal da face da terra.